segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Momento

A SportZone lançou há meses uma campanha cujo mote é o facto de num determinado momento, num determinado jogo, vais ter um momento de génio que te vai sentir ao nível dos melhores do mundo, nem que seja uma vez na vida. Soa a exagero? Eventualmente a grande parte sim, é um exagero, mas quem joga ou jogou futebol, em qualquer nível (de jogos entre amigos a campeonatos profissionais), faz sentido.

Ainda hoje tenho memória de uns momentos em que tudo me saiu bem. Não é uma leve lembrança mas sim uma imagem completa e em pormenor de todos momentos. A mais antiga que tenho é fácil de enquadrar no tempo, estava no 1º dia de aulas no 7º ano, 1º dia numa escola nova, muito tempo livre, jogo da bola nos campos de alcatrão durante horas e horas (isto é algo que falta aos miúdos de hoje em dia, mas isto é outra conversa) e do meio desse jogo resolvo rematar em bicicleta (volto a dizer, o piso era alcatrão) e a bola....foi à figura do guarda redes. Mas os restantes miúdos ficaram eufóricos e a partir daí passaram-me a chamar de Negrete (trabalho de casa para os leitores, México 86, Selecção do México, melhor golo da competição). Interessante a forma como a memória funciona, guarda aquele pequeno momento em todo o pormenor e ofusca o 'acessório'. 

Esta introdução vai de encontro a um pedaço importante da história do futebol (não, não sou eu) onde os 2 conceitos que tentei introduzir (Momento e Memória) são essenciais. Esta história foi a afirmação, aos 19 anos, dum dos jogadores mais brilhantes de sempre do futebol britânico, George Best. Calhou ser num palco português, o Estádio da Luz.

Em 1966 o Manchester United jogava os quatros de final contra um Benfica já consagrado, venceram 3-2 em Old Trafford, resultado perigoso. Bastava 1-0 em casa pelo Benfica e perdiam. O treinador do United preparou uma táctica cautelosa mas um dos que entrou em campo só ouviu 'blá-blá-blá' e mal começou o jogo atacou-se ao jogo de tal forma que ao intevalo ganhavam 3-0. 2 golos foram marcados por George Best, o que nada ouviu antes do jogo. E assim nasceu a lenda. O jogo acabou 5-1 para o United.

A melhor forma de reforçar o modo como a memória funciona nestes momentos vieram pelas palavras do próprio Best: 
"On nights like that, good players become great players and great players become gods... It was surreal stuff. I've seen other great teams play like that but to be a part of such an experience was unreal. Strangely, although I can replay almost the whole 90 minutes of that match in my head, I can't remember a single thing after the final whistle."


E o momento foi o 2º golo de Best onde tudo foi feito em velocidade, no entanto na memória do próprio Best tudo foi mais lento, com tempo de sobra para escolher a melhor decisão. Não querendo tomar, de maneira nenhuma, por-me ao mesmo nível, mas também é algo que sinto ao relembrar as minhas 2 melhores jogadas no futebol de 11, o tempo e a calma que tive na decisão, no driblar os adversários, na escolha do passe ou tipo de remate. O tempo de decisão realmente é decisivo e é, na minha opinião, o que diferencia os bons jogadores dos grandes jogadores.

Como prenda deixo o resumo com os golos do Benfica 1 - United 5.






 




 

quinta-feira, 19 de março de 2015

O Letná




Chegam os 90 minutos após o apito inicial dum jogo aborrecido. Pouco ou nada o Sparta fez, pouco ou nada fez também o Hertha. O pouco de interessante vinha de uma das bancadas do topo do estádio onde a claque do Hertha foi incansável. Em campo apenas um jogador saía da mediania, um jovem de 18 anos da formação do Sparta, Rosicky de seu nome. Nos descontos, jogada do ataque do Sparta, bola a sobrar na entrada da área, ainda a alguma distância da baliza, aparece o médio defensivo Milan Fukal a rematar de primeira e com toda a força do mundo a bola que só pára na rede no Hertha. 
Grande golo. Fim do jogo.


Estávamos em fim de inverno, 7 de Março, jogava-se a 2ª fase de grupos da Champions 1999/2000, num grupo onde para além dos acima mencionados estavam um tal de Barcelona e um Futebol Clube do Porto. O jogo Sparta-Hertha foi jogado no Estádio Letná, em Praga, casa do Sparta.

Este jogo não o vi na televisão, calhou ser este o único jogo de futebol ao vivo que vi fora de Portugal. O acaso pôs-me em Praga nesse dia, acabadinho de chegar de Paris, em plena viagem de lazer com amigos. No hostel o recepcionista falou-nos no jogo mas indicou que os bilhetes eram caríssimos. Ficou decidido que iríamos para a bola, eventualmente os bilhetes mais baratos. 

O estádio Letná fica no centro de Praga, dentro do parque com o mesmo nome, conhecido também lá ter estado uma brutal estátua de Estaline que durou apenas de 1955 a 1962, sendo destruída pelo próprio Partido Comunista Checo. O legado de Estaline, já na altura, era muito pesado e a enormidade da estátua não ajudava a amenizar os Checoslovacos (na altura existia a Checoslováquia).

Apanhámos o metro perto do Museu Nacional de Praga, saímos na estação do Letná a caminho do estádio. Muitos bilhetes em mercado negro disponíveis mas optou-se pela via legal. Os tais bilhetes caríssimos afinal não o eram, optámos pelos mais caros, Bancada Central, 3 contos de reis (segundo a cotação da altura).

Comeu-se qualquer coisa nas roulotes do clube (lá estão dentro da área do estádio) e bola com eles. 

Estádio simples em termos estéticos, boa visibilidade, confortável qb. Do jogo já falei. O público Checo não é muito dado a grandes gritarias, mas o golo veio mostrar que o sofrimento estava lá. Uns gritos de Sparta, nada de cânticos. 
E pouco mais me lembro.

Hoje em dia o estádio é oficialmente baptizado de Generali Stádion, razões de patrocínio. Os dois jogadores em evidência no jogo, Rosicky e Fukal, ainda jogam. Rosicky continua a ter uma excelente carreira, apesar de estar no seu ocaso. Actualmente está no Arsenal. Fukal ainda joga, aos 39 anos, nas divisões inferiores Austríacas, no entanto também teve uma carreira interessante, com passagens em grande clubes alemães.

Aos 41 anos continuo à espera do segundo jogo ao vivo fora do país, de preferência em Inglaterra. A sorte não quis nada comigo quando lá estive em 2013, era fim de semana de selecções e a inglesa jogava fora.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A Estreia



Chovia a potes e estava frio. A nortada açoriana é assim mesmo: abertas, chuva muito forte e muito frio. Creio que estávamos em Outubro. Tinha 12 anos e ia vestir pela primeira vez a camisola do Lusitânia.


Não era fácil jogar pelo Lusitânia, eramos mais de 30 miúdos que nunca falhavam os treinos. As oportunidades eram escassas para jogadores de 1º ano do escalão de iniciados e, não sendo eu especialmente talentoso e também sendo um dos mais pequenos da equipa, as oportunidades iam ser poucas. Muitos dos meus colegas nunca o foram e continuaram a treinar como se nada fosse. Alguns destes que nunca desistiram iriam ser jogadores da equipa principal num futuro que na altura parecia ainda muito longe.


Antes de ter recebido a notícia que tinha sido convocado o treinador deu-me a entender, antes do último treino da semana, que eu poderia ter uma ‘surpresa’. Assim foi, meu nome pela 1ª vez nos convocados, ia jogar pelo Lusitânia. Hoje em dia é difícil fazer entender o que era o Lusitânia mas, na altura, andava no patamar abaixo da 1ª divisão nacional, a velha 2ª divisão. Só com jogadores açorianos, tudo amadores. Era o grande clube açoriano, só rivalizado pelo Santa Clara. Jogadores de todas a ilhas (inclusive de São Miguel) lá jogavam, com óbvia maioria terceirense. 


Dia de jogo. As memórias ganham força quando chego ao campo de jogos. Dia cinzento, poças espalhadas pelo pelado do Campo de Jogos de Angra, equipa adversária em campo (Terra Chã). Fui para o banco mas pouco tempo depois um dos nossos jogadores é tocado e lá vou eu. Enfim, estreia. Médio Direito – Ala. Um dos primeiros toques na bola, num ressalto ganho a bola, meto sem querer a bola entre as pernas do defesa e fico à frente do guarda-redes, ainda a alguma distância. Lembro-me de ficar na dúvida entre avançar com a bola ou rematar, resolvo avançar e dou um mau toque na bola, lá foi a oportunidade. Pouco tempo depois, canto a nosso favor, bola passa por todos e no segundo poste estou eu com a bola à mercê mas não cheguei a tempo. Lá se foi outra oportunidade. Não tive mais nenhuma. Do jogo pouco mais me lembro: uma troca para Ponta de Lança e fim do jogo. Em termos de estreia não foi mau, longe de ser épico também. Acrecentarei a este post a única fotografia que documenta esse dia, tirada pelo o único espectador do jogo, o meu pai.


Uma outra memória também desse jogo ficou e marcou, mas ponhamos em contexto: a Terceira estava ainda em processo de reconstrução após o grande sismo de 1980. Foram construídos alguns bairros de habitação temporária para alguns desalojados que acabou por se tornar permanente com o passar dos anos. Geralmente eram ocupados por pessoas de menos posses, pessoas que antes trabalhavam no campo. Um desses bairros localiza-se na Terra Chã, alguns dos jogadores da equipa contra quem jogámos eram desse meio. Lembro-me perfeitamente dum jogador da Terra Chã muito pequeno, muito franzino, a tiritar de frio, agarrado a si próprio, a dar uns passos para se aquecer. O rapaz não tentava jogar, apenas a sobreviver ao frio que para ele era intolerável. A fome era algo a que eu nunca tinha sido exposto, muito menos a miúdos como eu. Aí estava, à minha frente. Por muito que recordemos o passado e desdenhamos o progresso, é inegável que algumas coisa mudaram para melhor. Alguns problemas permanecem, mas há melhores condições de vida e outro acompanhamento destes casos.


Hoje em dia continuo a jogar a bola oficialmente, partilho as mesmas cores que o Lusitânia mas não o mesmo emblema. O campo é o mesmo, hoje em dia coberto com relva sintética de nova geração. Quase 30 anos depois. Muito mudou. O gozo de jogar à bola não.
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Memória

México 86, tinha eu 12 anos. Primeiro grande torneio internacional que tenho verdadeira memória de acompanhar. Espanha 82 pouco ou nada retive a não ser o nome de Paolo Rossi. França 84 passou-me ao lado, não me resta nenhuma lembrança de estar a ver algum jogo.

México 86 já tenho uma memória completa e estruturada. Portugal estava lá, antes só em 1966 tinha jogado uma fase final. Havia Maradona. Havia Zico e Sócrates. Havia Rummenigge. Foi um grande torneio.
 
A prova em si está mais que comentada e documentada, não vale a pena falar, mas lembro-me claramente dum jogo, Escócia-Dinamarca, que não vi. Tenho a vívida lembrança de, entre amigos do meu pai, ser comentado que tinha sido um grande espetáculo. Ou seja, falamos dum jogo que nunca vi e que guardei na memória.

Lembro-me de simpatizar com a Dinamarca, tinham um equipamento altamente icónico, jogavam mesmo muito bem e tinham um jogador que tenho memória de dizer maravilhas, que nunca esqueci o nome, Preben Elskjaer Larsen (sim, lembrava-me do nome assim como escrevi). Mas como o jogo foi tarde e más horas para pré-adolescentes de 12 anos, nada feito, não pude ver (vá lá que o meu pai compensou-me com um tal de Porto-Peñarol em 87 às 5 da matina).

O que despoletou a lembrança de tal facto foi ver um artigo no The Guardian que abordava a famosa selecção da Dinamarca dos anos 80, conhecida pela Danish Dynamite, que eram muito admirados (afinal não era o único, ao que parece) mas nunca ganharam nada. Aconselho ler o artigo (basta clicar no nome do jornal) porque é uma história engraçada.

Tendo o artigo do The Guardian posto contexto na minha passada admiração resolvi por em dia as contas do passado e obter resposta a:

- O jogo foi assim tão bom?
- Preben Elskjaer era assim tão bom jogador?

Comecemos pelo jogador, via wikipédia e outras páginas. Preben Elskjaer era um ponta de lança old school, não muito goleador, muita força, alguma técnica. Em termos de clubes brilhou principalmente em Itália, onde foi campeão pelo Hellas Verona no única vez na história que o foram. No entanto era mais conhecido por ser um bom vivant mulherengo, fumador e amigo da noite. Histórias não faltam sobre as escapadelas do jogador, mas destaco esta:

- Uma vez foi apanhado na noite e foi confrontado pelo seu treinador, no Colónia, que tinha sido visto numa discoteca com uma garrafa de whisky e uma mulher antes dum jogo. Ele respondeu prontamente que era mentira pura, a garrafa era de vodka e eram 2 mulheres.

Dossier jogador, resolvido. Era realmente bom jogador mas a aura por trás era 'outra'.

Dossier jogo, sim, foi um bom jogo mas longe de ser o melhor do torneio. Dinamarca ganhou 1-0, golo de Elskjaer: cavalgada, ressalto, bola metida no poste mais distante. Escócia a atacar muito na 1ªparte, Dinamarca na 2ª. No youtube encontrei um resumo alargado do jogo, o qual deixo aqui:



E pronto, estão feitas as contas com o passado, abrindo uma nova ferida: que raio de calções são esses, oh Escócia?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A Lição

É necessário um esclarecimento: o autor destas linhas não é um fã incondiocionável do futebol alemão ou da sociedade alemã em especial (assim como não tem nada contra, exceptuando as palermices politicas). Perante isto, o facto de este post ter presente as únicas equipas que foram mencionadas em post's anteriores é uma total coincidência.


Quem conhece o ambiente no Estádio José Alvalade sabe que existe um conjunto de adeptos que são conhecidos pelo assobio fácil, geralmente virados para os miúdos lançados na primeira equipa. Célebres foram os assobios ao Nani antes da sua ida para o Manchester United, os contínuos ataques ao Rui Patrício que só recentemente se silenciaram, as embirrações com Carriço, etc. Um clube que tem como bandeira lançar jovens da sua formação é confrontado com o elementos da sua massa adepta que ao mínimo erro estão prontos a assobiar. 

Imaginem então que o Sporting está nos últimos lugares, um jovem central é lançado durante uma época muito complicada por lesões de outros jogadores, os resultados não acontecem por vários factores, esse jovem tem 2 erros comprometedores que resultam em golos adversários resultando em derrotas. Não seria complicado perceber que o ambiente se tornaria insuportável para este jogador voltar.

Ainda bem que este é um cenário hipotético ao qual ninguém deseja, no entanto noutras paragens tal aconteceu.

Sexta feira, dia 20 de Fevereiro, um Stuttgart-Dortmund, dois históricos em dificuldades, um jovem defesa central de 18 anos (Baumgartl), que assumiu a titularidade há algumas semanas por lesão de colegas, tem um erro grave que directamente oferece um 3-1 que quase praticamente sentencia o jogo. Na jornada anterior o mesmo tinha acontecido.
Fim do jogo, derrota confirmada, queda para o último lugar da classificação. Jogadores corajosamente vão falar directamente com os adeptos ainda no estádio, entre os mesmos está Baumgartl. O resto...é uma lição de que é realmente ser adepto.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O Amor



Que raio faz um título destes num blog sobre bola? Que demonstração tão pouco máscula é esta? Quem fala em ‘amor’ no mundo pouco dado a afectividades como o da bola?

Calma, a razão existe e está neste pensamento: ‘se há algo de que tenho saudades é do futebol inglês’. Então caro autor, que te falta neste mundo onde tudo está perto? Para o caro autor o futebol inglês está exilado algures na BenficaTV, o equivalente pessoal do mesmo que estar fechado numa caixa fechada a sete chaves e estar afundado na Fossa da Marianas. Temos de ser coerentes com as nossas convicções. 

Porque tenho saudades? Se vermos bem tacticamente não é nada de especial e as filosofias de jogo não são inovadoras. Tem sim uma atmosfera única com base na maneira britânica de viver o desporto, com amor e respeito. Amor ao clube, respeito ao jogo.

O título que tinha para este post era simplesmente ‘A Paixão’, no entanto a premissa foi perdendo fulgor à medida que o texto foi decorrendo: ‘Paixão’ tem uma conotação muito latina, muito ‘descerebrada’, muito de loucura e pouco de respeito pelo adversário e pelo jogo. Um pouco como em Portugal, chegando ao ponto de certas pessoas de se privarem de alguns pequenos prazeres da vida por razões clubísticas (Que tolas! Hm, espera lá…).

Voltando ao cerne da questão, tenho saudades do futebol inglês. Dos jogos loucos onde o ritmo de jogo é absurdo, de ninguém desistir até ao apito final, das famílias inteiras sentadas no estádio, do velhote junto do punk junto do hindu junto do miúdo de 12 anos a cantar em uníssono, das bocas cheias de piada vindas da bancada, do apoio incondicional até ao fim do jogo, da agressividade posta em campo, do respeito dos dirigentes pelo jogo, do respeito dos adeptos pelo jogo, do respeito dos árbitros pelo jogo. Este é o espírito em que o jogo deve ser vivido.

Por isto: ‘se há algo que tenho saudades é do futebol inglês’.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A Ideia



Comecemos pelo que não interessa neste texto, quem o escreve: um praticante amador  no fim da carreira que nos últimos anos tomou gosto pela componente técnica e táctica do jogo. São estas as minhas credenciais. Para me poder chegar à frente com a certeza de ter conhecimento para partilhar tenho que agradecer os tempos em que vivo, aos quais a distância ao conhecimento é menor, sendo possível chegar às mãos coisas tão inesperados com planos de treino do Barcelona B assinadas por uns tais de Pep Guardiola e Tito Vilanova. E assim encerro esta parte que tem tanto de dispensável como de necessária e falemos do que interessa, de bola.


Em defesa de uma ideia de jogo, o caso Dortmund.


Uma equipa que tem os comportamentos corretos em todos os momentos de jogo e que tem excelentes jogadores à disposição, personalizada numa defesa muito pressionante e num aproveitamento magistral do espaço. É este o Borussia de Jurgen Klopp. Equipa já muito falada e estudada na blogosfera, aqui não há novidade.


O que toma tema de conversa? Esta mesma equipa está posicionada em antepenúltimo da Bundesliga, já a decorrer a 2ª volta, a 1 ponto do último lugar (o Stuttgart, um dos históricos clubes alemães). Voltemos ao parágrafo anterior: que Borussia é este que está nesta classificação? ‘Uma equipa que tem os comportamentos corretos em todos os momentos de jogo e que tem excelentes jogadores à disposição.’ Acrescento eu, nada mudou.


O conceito habitual: equipa que perde ou é dos jogadores e/ou é do treinador. Solução habitual, treinador despedido. Nesta caso é um puro engano, este Borussia faz quase tudo bem e falha onde o treinador não tem controlo, na bola em campo. 


Em todos os jogos que vi do Borussia, excepto o último (Friburgo), o comportamento padrão: jogada bem construída, ultimo passe/finalização falhada, nervosismo, falhanço individual, golo adversário. Por melhor que seja o treinador, por muito boa que seja a ideia de jogo, o papel do treinador está sempre limitado, o que se passa em campo está dependente dos jogadores. E neste caso é o caso típico da influência do estado anímico no rendimento, estar a jogar com o peso do resultado não é o mesmo que o fazer de cabeça mais leve.


Não há melhor defesa para este ponto de vista do que observar o jogo deste último fim de semana, frente ao Friburgo, onde se viu o regresso do Borussia. Na 1ª parte ainda houve algum nervosismo, no entanto a 2ª parte foi uma demonstração de força, onde o resultado foi libertando a equipa do peso da necessidade da vitória e onde foi aparecendo a enorme qualidade da ideia de jogo de Klopp. Nada mais reforça esta minha opinião do que verem a maravilha que foi o 3º golo (aos 36 segundos).




Conclusão, ter pessoas a decidir nos clubes que tenha conhecimento do jogo faz com que Klopp ainda seja treinador do Borussia, infelizmente não é um caso comum. O jogo agradece.